terça-feira, 25 de janeiro de 2022

4º Ano "A" - 2010
 Que saudade de vocês, meus amores... Eu amo minha profissão, mas este ano que passamos juntos vocês intensificaram essa grande paixão!

4º ano A (2010): Alexandre, Bruna, Camila, Catarina, Daniela, Davi, Dominique, Fernanda, Gabriel, Giovanna, Giulia, Guilherme F., Guilherme P., Gustavo, Helena, Henrique, João Pedro, Lara, Lorenzo, Luca, Lucas, Luiza, Marcela, Maria Eugênia, Nicole, Priscila, Rafaella, Suzanna,

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Projeto Contos de MIsterio 5º ano 2018

PROJETO CONTOS DE MISTÉRIO 5º ANO 2018

Este ano, adicionei atividades, textos, livros e videos ao Projeto, por isso, decidi renovar os objetivos, metodologia etc.

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO SEBASTIÃO
ESTÂNCIA BALNEARIA - ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
ESCOLA MUNICIPAL DE CAMBURI


PROJETO

“CONTOS DE MISTÉRIO”

 


Profª Amanda Clemente de Assis Morais
5° ano A – 2018

  
 CONTOS DE MISTÉRIO
Viver é meu código e meu enigma.
E quando eu morrer serei para os
outros um código e um enigma.”
Clarice Lispector

Detetives em ação: o grande mistério

Introdução 

Os alunos sempre apresentaram dificuldades para escreverem textos de sequências narrativas, com elementos de conflito, caracterização de personagens, clímax da história e, principalmente desfechos coerentes com o processo narrativo desenvolvido.
A maioria possui ótimas ideias para produzir narrativas, mas muitas vezes se perdem na situação problema.
O processo mental para escrever e o resultado desse processo, o texto, são as habilidades necessárias para a construção da escrita. Esta sequência didática visa trabalhar com os alunos a estrutura (planejamento, transcrição, edição e revisão) e a forma linguística que caracterizam esse tipo de texto, narrativa, utilizando um gênero que a maioria gosta muito: enigma, suspense e terror, não somente escrevendo, mas vivendo, num clima de muito mistério, suspense e pistas.
Ao longo do projeto vamos ler e assistir alguns contos de mistério.
Depois de experimentar muitas emoções, perigos e aventuras com as leituras e vídeos passarão por uma nova etapa, vivenciaremos profundamente as partes que compõem uma Narrativa de enigma, suspense e terror.
             Do início ao fim, experimentaremos trajetórias emocionantes, muitas vezes arrepiantes, enfrentando problemas, soluções e desfechos variados em tempos e espaços distintos. Conheceremos e descreveremos as características de personagens enigmáticos, horripilantes, suspeitos e corajosos, que marcaram a história destemidamente.

Objetivos 

·         Fornecer orientação específica aos alunos para ler, interpretar e escrever seus contos de mistérios;
  • Localizar e diferenciar as partes que compõem uma Narrativa de Enigma;
  • Produzir narrativas seguindo os itens abaixo:
                 → Caracterização de personagens, incluindo sentimentos e sensações;
                 → Descrição de cenários e ambientes;
              → Atmosfera de suspense e clímax;
              → Marcadores temporais e espaciais;
  • Observar e empregar recursos descritivos (substantivo, adjetivos e locuções adjetivas, verbos e locuções adverbiais), textuais do gênero, identificando os efeitos de sentido por eles criados.
·         Reforçar as fases do processo de composição da escrita: planejamento (geração das ideias, organização e estrutura) e a determinação dos objetivos da produção: situação inicial, situação problemática, clímax, resolução dos problemas, desfecho coerente, uso dos recursos linguísticos e a fase da revisão, a reescrita.

Ano 
5º ano EFI

Conteúdos específicos: 
- Elementos da narrativa; 
- Estrutura da narrativa; 
- Escolhas para esse tipo de texto: advérbios e tempos verbais, léxico específico (relacionado com o clima de suspense); 
- Leituras de contos de mistério; 
- Apresentação oral dos contos com boa dicção, entonação e tom de voz audível. 


Metodologia:
·         Leitura e interpretação textos e vídeos do gênero proposto;
·         Busca de pistas pela escola para solucionar um mistério;
·         Preencher o quadro das sequências lógicas para desvendar o mistério;
·         Sistematização das narrativas: motivo, fato, consequência.

Tempo estimado: 
Aproximadamente 14 aulas.

Material necessário: 

- Materiais diversos para montagem da sala de contação de histórias de mistério;
- Cópias do texto “Drácula” (adaptado);
- Cópias do trecho “Reescreva” (lição de casa anexo);
- Vários exemplares de livros de contos de mistério;
- Folhas de pauta para produção de texto, em suas várias versões;
- Mural para exposição dos textos e desenhos dos alunos;
- Materiais diversos para montagem da sala do ‘Museu Imperial” (papéis, TNT, lantejoulas, Bandeira, mastro).


Desenvolvimento das atividades: 
**Durante as aulas serão lidos trechos dos livros (“O olho da cartomante” de R.L. Stine, “Contos de enganar a morte” de Ricardo Azevedo e “Mistério no Museu Imperial” de Ana Cristina Massa), e em diversos momentos, como retorno do recreio, retorno da Educação Física, etc.

1ª aula

·         Conversar com os alunos sobre gêneros literários, levantar hipóteses para que concluam que cada gênero tem suas características próprias. Em seguida, passar o vídeo “Em que lugar da Terra está Carmen Sandiego?” (um jogo de computador criado nos anos 80, pela IBM e ganhou posteriormente um desenho animado feito por funcionários da Disney: Gene Portwood e Lauren Elliot), nesse vídeo, o mistério envolve um roubo, em seguida assistir à animação “A Casa Monstro”, direção de Gil Kenan, que conta uma história de mistério de assombração.
2ª aula
·         A professora será a leitora do texto “A faixa manchada” de Arthur Conan Doylle (criador do personagem Sherlock Holmes), conto que envolve um assassinato.
·         Hora de refletir: juntos, os alunos farão uma tabela comparativa entre os três tipos de contos de mistério e assim, elaborarão as características desse gênero literário.

Carmen Sandiego
A Casa Monstro
A faixa manchada
detetives



pistas



mistério



suspeito



culpado



portador




·         Para casa, exercício xerocado, com adjetivos, advérbios e locuções adjetivas e adverbiais para que percebam como este tipo de léxico auxilia no conto de enigma:

Reescreva o texto
Substitua os espaços pelos advérbios ou locuções no quadro abaixo para expressar um clima de suspense.
Era ......................, vinha caminhando para casa, .................................., chovia uma garoa fina e gelada. ...................................., olhei para o lado esquerdo e vi ..................., algo me pareceu uma trouxa de roupa, um saco de lixo. ......................, ...................., ........................................, fui me aproximando ..................................., para não ser surpreendido.  E se fosse um bicho estranho que .................................. avançasse sobre mim?
PERTO DA PRAÇA VAZIA - REPENTINAMENTE - LENTAMENTE
SEM FAZER BARULHO - SORRATEIRAMENTE - JUNTO A UM ORELHÃO
RENTE AS PAREDES DOS PRÉDIOS - MUITO TARDE - SEM PRESSA



3ª aula
Na sequência, começaremos a trabalhar os elementos e a estrutura do conto: 
Uma narrativa deve elucidar os acontecimentos, respondendo às seguintes perguntas essenciais:

O QUÊ? - o(s) fato(s) que determina(m) a história; 
QUEM? - a personagem ou personagens; 
COMO? - o enredo, o modo como se tecem os fatos; 
ONDE? – o lugar ou lugares da ocorrência 
QUANDO? - o momento ou momentos em que se passam os fatos; 
POR QUÊ? - a causa do acontecimento.
A estrutura de um conto pode ser a seguinte: 
Uma situação inicial onde se expõe o assunto, o lugar ou a ação que vai acontecer. A complicação ou o problema que vai se apresentando gradativamente. O clímax que a complicação elevada ao máximo de suspense. E o desfecho que soluciona ou tenta solucionar o problema. 
Lembrar a eles os dois tipos de foco narrativo (narradores) que costumam fazer parte dos contos de mistério: em primeira pessoa (narrador personagem ou participante da ação) e narrador em terceira pessoa (observador ou onisciente: que tudo viu, tudo sabe e expõe pensamentos e sentimentos das personagens). Como criar o suspense? Crie frases que sugiram apenas, provoque no leitor a vontade de querer saber o que vai acontecer depois.
Iniciar o conto da história “Drácula” (com as luzes apagadas, janelas e cortinas fechadas, claro). Parar a leitura no trecho “Agora estou sozinho. Preciso descer pela parede e encontrar um modo de sair deste lugar medonho.”
Fazer com que percebam como elementos de terror, como as palavras “medonho, perigoso, terrível, tremer etc.” também fazem parte da narrativa de enigma, criando o clima de suspense. Propor que continuem escrevendo, com clímax e desfecho, como o personagem, Mr. Harker, conseguiu sair do castelo de Drácula.

4ª aula
Começar a aula lendo o texto “Conto de Mistério”, de Stanislaw Ponte Preta, e “A velhinha contrabandista” de Sérgio Porto de Sérgio Porto. Perceber que às vezes o humor também faz parte dos contos de mistério, fazer anotações.
5ª aula
·         Fazer a leitura colaborativa do conto “O último cuba-libre” de Marcos Rey, (Ler e Escrever, Secretaria da Educação do Estado de São Paulo p.p 45-52), anotando as pistas, as personagens, cenários, mistérios, clímax, pistas etc. em papel pardo, ate porque o conto e muito longo e não se recomenda ler todo no mesmo dia.
6ª aula
·         Retomar o conto “O ultimo cuba-libre”, relembrando as pistas deixadas no cartaz. Em seguida fazer a interpretação de texto das paginas seguintes.
7ª aula
·         Ler o conto “Se eu fosse Sherlock Holmes” de Medeiros e Albuquerque (Ler e Escrever p.p 54 – 58) e fazer o quadro comparativo com o conto “O último cuba-libre” (p.p 53 e 61).
·         Ler a história “O mistério da casa abandonada” (SABINO, 1991 apud Cócco & Hailer, 1999, p. 101-103). Como o conto não está escrito inteiro, termina no trecho:
 “(...) junto à porta estava um velho horrendo, alto, barba suja, cabelos desgrenhados, a nos olhar, mãos na cintura:
 - Que é que vocês dois estão fazendo aqui? Quem são vocês?”
A partir daí as crianças que continuarão a história, observando os critérios de sucesso para esse tipo de narrativa.
8ª aula
            Começaremos a leitura colaborativa do conto “O fantasma da Quinta Avenida” de Jerônimo Monteiro, divido em 6 partes. A primeira parte intitula-se: “I – Aparece o Fantasma” (Ler e Escrever p.p 62-64) e fazer as anotações.
9ª aula
            Segunda e terceira partes do conto “O fantasma da Quinta Avenida: II – A morte de Bob; III – A polícia faz perguntas” (Ler e Escrever p.p 65-72) e fazer as anotações.
10ª aula
Quarta e quinta parte do conto “O fantasma da Quinta Avenida: IV – Esclarece-se o mistério da bala; V – O fantasma ataca Dick Peter” (Ler e Escrever p.p 72 – 79) e fazer as anotações.
11ª aula
            Sexta e última parte do conto “O fantasma da Quinta Avenida: VI – O rosto do fantasma” (Ler e Escrever p.p 79-83) e fazer os exercícios da p. 84 (Discursos direto e indireto).
            Assistir ao vídeo “O conto dos três irmãos” parte do filme Harry Potter e as Relíquias da Morte. Comentar em roda.
12ª aula
            Produção de texto: produzir conto de mistério fazendo uso de recursos de linguagem explorados ao longo do projeto; planejar a escrita do conto a partir do material de referência e do contexto de produção; trabalhar em duplas, negociando possibilidades de construção de texto; revisão do texto escrito, orientar os alunos que, ao planejar a escrita da narrativa, é fundamental retomar alguns aspectos próprios da escrita de contos de mistério, como nossas anotações e o cartaz elaborado na 1ª aula.
13ª aula
Conversa numa roda no pátio, sobre as obras do Museu Imperial em Petrópolis, no Rio de Janeiro, contando a “história” que o museu está “abandonado” e muitos dizem ser mal assombrado, tanto que algo sumiu do museu, mas o quê? Quem levou? Vocês serão os detetives. Quem tem coragem?
Serão divididos em 5 grupos (cores) e receberão um ingresso (confeccionado pela professora) para entrar no museu que será na própria sala de aula, na porta, haverá uma grade inscrição “Museu Imperial – Sala do Trono”; nas paredes, algumas obras (releituras dos próprios alunos nas aulas de Arte (Projeto Portinari) e em algumas mesas, objetos do museu confeccionados pela professora; a sala estará com a luz apagada, janelas e cortinas fechadas, algumas velas acesas, na “penumbra”, algumas “teias de aranha” ajudarão também a dar o clima de suspense e terror.
Durante o “tenso passeio” no museu, os alunos perceberão que a peça que falta é a coroa de D. Pedro. Ao saírem do museu cada grupo receberá a 1ª pista para investigar o sumiço da coroa e a “Carta enigmática”. As demais pistas estarão espalhadas pela escola (pátio, quadra, parque, sala de leitura). As pistas serão elaboradas com conteúdos de todas as disciplinas no 1º Bimestre, em cada pista, há também uma pista do local onde esta a próxima pista, por exemplo, “local onde brincávamos na Educação Infantil”.
 Exemplo de pista: “Único continente da Terra há bilhões de anos.”
P
A
N
G
E
I
A
A1              B2               C3             D4              E5              F6               G7
            Exemplo da Carta enigmática:

A

I

A
H8
B2
K3
F6
P1
G7
O primeiro grupo a preencher o diagrama da Carta Enigmática, ganha.
A coroa estará na direção, e quem pegou foi a Diretora Camila.
14ª aula
Autoavaliação
Entregar as produções corrigidas com as observações, então, cada um lerá a produção do amigo e fará uma avaliação da leitura respondendo às questões da p. 85 do livro Ler e escrever.
Acompanhar a atividade andando pelas carteiras, auxiliando nas avaliações, contemporizando falas e sugestões. Como lição de casa, pedir que façam a revisão de seus contos, usando para isso a tabela de avaliação e as sugestões dos leitores. Nesse momento os autores já serão capazes de formular novos objetivos para o processo de construção.

“- Já decifrou o enigma? - indagou o Chapeleiro.
- Não, desisto - Alice respondeu. Qual é a resposta?
- Não tenho a menor ideia - disse o Chapeleiro.
- Nem eu - disse a Lebre de Março.
- Afinal de contas quem sou eu? – Alice ficou pensando...
- Ah, este é o grande enigma! – concluiu animada.”
Alice no País das Maravilha

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Ricardo. Contos de enganar a morte. São Paulo: Ática, 2009.

CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: Linguagens. 3. ed. reform. São Paulo: Atual 2010.

CÓCCO, Maria Fernandes & HAILER, Marco Antonio. ALP: Análise, Linguagem e Pensamento. v. 3. São Paulo, FTD, 1999.

KAUFMAM, Ana Maria & RODRIGUEZ, M. Elena. Escola, leitura e produção de textos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

MASSA, Ana Cristina. Mistério no Museu Imperial. São Paulo: Biruta, 2003.

PORTO, Sérgio (Stanislaw Ponte Preta) “A velhinha contrabandista” Disponível em: <http://www.casadobruxo.com.br/poesia/s/sergio19.htm> Acesso em:
02março2015.

PORTO, Sérgio (Stanislaw Ponte Preta) “Conto de Mistério” Disponível em: <
http://www.casadobruxo.com.br/poesia/s/sergio20.htm> Acesso em: 02março 2015.

São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Ler e Escrever: coletânea de atividades – 5º ano. Secretaria da Educação, Fundação para o Desenvolvimento da Educação. 6. Ed. Ver. E atual. São Paulo: FDE, 2015.

São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Ler e Escrever: guia de planejamento e orientações didáticas; professor – 5º ano. Secretaria da Educação, Fundação para o Desenvolvimento da Educação. 7. Ed. Ver. E atual. São Paulo: FDE, 2015.

STINE, R.L. O olho da cartomante. São Paulo: Rocco, 2002.
Vídeos:

A Casa Monstro. Direção: Gil Kenan. 90 minutos. Livre, Columbia Pictures do Brasil, 2006.

Conto dos Três Irmãos. Parte do filme Harry Potter e as Relíquias da Morte. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=G3pVD7LRuj4
Acesso em 04março2015

Em que lugar da Terra está Carmen Sandiego? Episódio 1: “O sorriso roubado” (1ª temporada) disponível em:
Acesso em 04março2015


 ANEXOS




 TEXTOS:

A velhinha contrabandista - Stanislaw Ponte Preta
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava na fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da alfândega a mandou parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:
- É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com quarenta anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.
- Juro - respondeu o fiscal.
- É lambreta.

Conto de mistério - Stanislaw Ponte Preta

Com a gola do paletó levantada e a aba do chapéu abaixada, caminhando pelos cantos escuros, era quase impossível a qualquer pessoa que cruzasse com ele ver seu rosto. No local combinado, parou e fez o sinal que tinham já estipulado à guisa de senha. Parou debaixo do poste, acendeu um cigarro e soltou a fumaça em três baforadas compassadas. Imediatamente um sujeito mal-encarado, que se encontrava no café em frente, ajeitou a gravata e cuspiu de banda.
Era aquele. Atravessou cautelosamente a rua, entrou no café e pediu um guaraná. O outro sorriu e se aproximou:
Siga-me! - foi a ordem dada com voz cava. Deu apenas um gole no guaraná e saiu. O outro entrou num beco úmido e mal iluminado e ele - a uma distância de uns dez a doze passos - entrou também.
Ali parecia não haver ninguém. O silêncio era sepulcral. Mas o homem que ia na frente olhou em volta, certificou-se de que não havia ninguém de tocaia e bateu numa janela. Logo uma dobradiça gemeu e a porta abriu-se discretamente.
Entraram os dois e deram numa sala pequena e enfumaçada onde, no centro, via-se uma mesa cheia de pequenos pacotes. Por trás dela um sujeito de barba crescida, roupas humildes e ar de agricultor parecia ter medo do que ia fazer. Não hesitou - porém - quando o homem que entrara na frente apontou para o que entrara em seguida e disse: "É este".
O que estava por trás da mesa pegou um dos pacotes e entregou ao que falara. Este passou o pacote para o outro e perguntou se trouxera o dinheiro. Um aceno de cabeça foi a resposta. Enfiou a mão no bolso, tirou um bolo de notas e entregou ao parceiro. Depois virou-se para sair. O que entrara com ele disse que ficaria ali.
Saiu então sozinho, caminhando rente às paredes do beco. Quando alcançou uma rua mais clara, assoviou para um táxi que passava e mandou tocar a toda pressa para determinado endereço. O motorista obedeceu e, meia hora depois, entrava em casa a berrar para a mulher:
- Julieta! Ó Julieta... consegui.
A mulher veio lá de dentro enxugando as mãos em um avental, a sorrir de felicidade. O marido colocou o pacote sobre a mesa, num ar triunfal. Ela abriu o pacote e verificou que o marido conseguira mesmo. Ali estava: um quilo de feijão.

 

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